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quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Sonhos, estrada, árvores, cemitério e memórias

Eu sonho com meus entes queridos e muitas passagens da minha infância. Tem noites que é uma mistura doida. De gente de agora e de outrora. Diz meu marido que eu caço assunto até sonhando. Digamos que sim. Teve uma época que eu tinha um sonho recorrente, de uma estrada que lembro bem, com duas árvores frondosas, uma em cada lado que se juntavam no meio formando uma ponte verde. Um oásis no meio da paisagem em tempos de seca. Quanta fortaleza as duas árvores emanavam. Depois de passar por essa ponte, caminhava mais um pouco no chão de terra empoeirado e chegava ao portão do cemitério. Parava um instante antes de entrar, olhava pela fresta os túmulos com suas cruzes e santos e abria o portão de ferro. Lembro nitidamente do rangido do portão tomado pela ferrugem. Ao avançar um passo a brancura invadia meu sonho e eu despertava ofegante. E ao acordar vinha a imagem de vovó Iaiá, minha bisavó. Sempre tive a impressão de que é nesse cemitério que ela foi enterrada. Fico imaginando o que tem além da brancura que não consigo acessar. Que entrada é essa que me faz despertar? Em um desses cantos do sertão que guardo na memória. Ainda hei de descobrir essa chave.


A imagem que escolhi é um contraste ao relato da estrada na seca. Essa retrata uma das estradas que leva a Lagoa do Barro, lugar de minha infância, no período da chuva. O crédito da imagem é da página de memórias de Lagoa do Barro, um excelente museu histórico com muitas fotos, histórias e lembranças. Projeto que admiro de Geonaldes Elhemberg. Parabéns pelo registro.

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