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terça-feira, 1 de outubro de 2019

O Redemoinho, as memórias, os livros e o chamado

Ouvi sobre Jarid Arraes, no Leia Mulheres Osasco, com a fala da Pilar Bu sobre a Flip Paraty.  Foi no dia 31/07 e tivemos a presença de Lubi Prates e Um Corpo Negro, o livro tema do mês. Fui para casa, enternecida com o encontro e as trocas sobre o livro da Lubi Prates e com esse nome pipocando em minha cabeça: Jarid e um REDEMOINHO EM DIA QUENTE. Uma cordelista do Cariri. Fiquei pensando que nunca li nada escrito por uma mulher da região, só os textos de Xico Sá que é de Crato. No dia seguinte pesquisei sobre Jarid Arraes e a primeira leitura foi no El País sobre seus livros e participação na Flip. Na sequência já comprei o livro, o redemoinho estava acontecendo e eu nem sabia ainda o tamanho de sua força. Pressentia. Como diz minha mãe: “quando o coração palpitar, segue.”

O livro chegou e eu já estava na leitura de Ana Rusche, a Telepatia são os outros, livro tema do mês do Leia Mulheres Osasco de agosto. Terminei e ingressei no Redemoinho em Dia Quente. Que alegria ver retratado no livro cenários e personagens de um lugar que conheço de passagem, perto de onde nasci, de onde também avistava a Chapada do Araripe. Sim, o sertão tem muita história. Um sentimento de pertencer no livro tão vivo que não sei explicar floreou em meu coração. Eu que moro aqui há 30 anos, que nunca perdi a conexão com minhas raízes, que tenho um orgulho danado de onde vim e dos laços com minha família, que amo a loucura desse lugar também, que admiro essa mistura doida daqui e de lá nos meus passos, que digo sempre que o sertão mora aqui dentro e vai comigo por onde eu estiver...nossa foi um reencontro e um presente ler Jarid Arraes. Eu ri, chorei e me senti abraçada pelas letras de Redemoinho e os outros que já estou lendo. Comprei toda coleção.

A telepatia aflorou nos sonhos pela veia sensorial. Os contos do livro despertaram tantas lembranças do sertão onde nasci. Lembrei do choro intenso que brotou em soluços quentes quando escrevi em junho/2019 textos para página de 100 anos de Lagoa do Barro, território de minha infância. Eu adormecia e os sonhos rodopiavam na noite fria do inverno daqui e eu acordava ofegante com memórias vivas, com cheiros e sons. Nasceu o Blog para registrar as memórias da Maria, essa mulher que sou, uma estrada com tantas cruzes, veredas e, principalmente, tantos laços. Gratidão Leia Mulheres Osasco pelo despertar. Pilar e Vivi, a energia circulou, a roda está girando. Obrigada Jarid Arraes pelo redemoinho que reacendeu memórias de fogo. Acordei, o vento brinca na janela com a cortina, descortinando a aurora. O sino está tocando. É um chamado.


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