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terça-feira, 2 de novembro de 2021

Aos meus avós estrelas

Recentemente fui ao velório e enterro e fiquei refletindo sobre esses doloridos momentos de despedida. Nos abraços, no pranto, nas orações, no olhar perdido que anuncia tantos pensamentos do que passou e do que deixamos passar. Não estive ao enterro de nenhum dos avós. A distância no luto. Os que morrem são chamados de finados e eu insisto que continuam vivos naquilo que palpita em nós. A frase de Guimarães Rosa é um bálsamo nessas horas: “as pessoas não morrem, ficam encantadas.” Esse encantamento digo que é o modo que elas seguem vivendo em nós.

Meu vozinho Enoque segue nos meus passos, uns dizem que enxergam sua simplicidade em meus gestos, outros no meu olhar, na maneira como contemplo o horizonte, seja da janela, do mar ou mirando o céu. Nos meus traços tenho minha avó-madrinha. Já ouvi tantas vezes: “nossa como você parece Dona Cotinha.” E que honra essa semelhança que vai além da aparência física. Ah e do meu avô-padrinho Chico Cordeiro tenho o riso solto. Eita como recordo de suas risadas que seguem ecoando em minhas gargalhadas.

No céu da madrugada encontro suas estrelas. Cada um está num canto da constelação e eu os reverencio com uma oração. Até vejo elas piscarem em resposta. Sim, sou dada a essas loucuras de conversar com o celeste.


que toquem os sinos pela memória dos meus avós! Gratidão eterna!

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