Recentemente fui ao velório e enterro e fiquei refletindo sobre esses doloridos momentos de despedida. Nos abraços, no pranto, nas orações, no olhar perdido que anuncia tantos pensamentos do que passou e do que deixamos passar. Não estive ao enterro de nenhum dos avós. A distância no luto. Os que morrem são chamados de finados e eu insisto que continuam vivos naquilo que palpita em nós. A frase de Guimarães Rosa é um bálsamo nessas horas: “as pessoas não morrem, ficam encantadas.” Esse encantamento digo que é o modo que elas seguem vivendo em nós.
Meu vozinho Enoque segue nos meus passos, uns dizem que
enxergam sua simplicidade em meus gestos, outros no meu olhar, na maneira como contemplo
o horizonte, seja da janela, do mar ou mirando o céu. Nos meus traços tenho
minha avó-madrinha. Já ouvi tantas vezes: “nossa como você parece Dona Cotinha.”
E que honra essa semelhança que vai além da aparência física. Ah e do meu
avô-padrinho Chico Cordeiro tenho o riso solto. Eita como recordo de suas risadas
que seguem ecoando em minhas gargalhadas.
No céu da madrugada encontro suas estrelas. Cada um está
num canto da constelação e eu os reverencio com uma oração. Até vejo elas piscarem
em resposta. Sim, sou dada a essas loucuras de conversar com o celeste.
Que lindo!!
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