Semana do meu aniversário em ritmo carnavalesco despertando o clima de festa para celebrar a dádiva de estar viva. Contemplo a estrada passada e ainda vejo a menina sonhadora que brincava e ainda brinca com as nuvens criando figuras, cenários e personagens fantásticos. Sonhar está no meu olhar que segue encantado com o entardecer, com o canto das ondas, os sons da natureza, a poesia da arte, o reflexo da cidade e tantas cenas que tocam meus sentidos. Esse brilho nos olhos que nenhuma dor apagou porque está tatuado em meu DNA, é a mágica que floresce do amar conectando sementes e frutos que palpitam em meu ser.
50 carnavais, menopausa, virada da página do calendário e
um universo de sonhos que navegam pelas águas profundas do tempo. Sou grata por
tudo até aqui, pelos erros, acertos, sorrisos, chegadas e partidas, choros ...tristezas e alegrias nas cruzes e cicatrizes. Quando olho para trás nem tudo
entendo, mas muito já compreendo e algumas coisas ressignifiquei com a
experiência da compaixão. Já consegui me livrar de pedras que me rasgaram por
dentro e tive que expelir por cirurgia. Renasci. O perdão é um bálsamo que
preciso seguir exercitando. Nem todas as decepções perdoei por completo, no
entanto, elas já não sangram tanto assim porque busco a leveza de seguir em
frente, com a bagagem cada vez mais leve. Aprendi muito nesse meio século e
ainda quase nada sei diante da grandeza da existência.
Sou retirante nordestina, pernambucana do Sertão do
Araripe, que chegou aos 14 anos em São Paulo e logo seguiu para Osasco. Finquei
raízes e laços no mundo mágico de OZ. Sou do Sertão, de Oz e do mundo, espie
que essa que nem sapato tinha já foi parar em New York! E
quais lembranças chegam agora nesse momento de escrita? Do bairro Bela Vista, das
andanças pelo centro, bibliotecas, livros, trilhos do trem e metrô, das muitas
linhas de ônibus da cidade, intermunicipal e da capital, do teatro, cinema,
futebol e carnaval. Sim eu sou apaixonada por futebol, já assisti muitos jogos
do meu Palmeiras, com derrotas e vitórias. O estádio é um espaço de redenção,
assim com o desfile no Anhembi. Se me perguntarei sobre lugares de cura eu recomendo
ir a uma roda de samba, tomar banho de mar e cachoeira.
Sou Mãe e Avó Tríade, tesouro dessa trilha viver que não
tem como descrever, não há medida, nem palavra, nem som, nada que retrate a
imensidão infinita desse Amor. Sou mulher de fé, tenho minhas igrejas preferidas,
casas de oração que me abrigam, sou devota de Nossa Senhora, Mãe Maria
Santíssima, tenho meus rituais devocionais e sigo na minha missão Mariana que
veio como um chamado para rezar o Terço. Acredito na Trindade Santa, na força
do Espírito Santo, nos anjos celestes e presenciais, nos sinais divinos que se
apresentam em diferentes formatos, sonhos, borboletas, frases, ligações, falas,
silêncio e nas respostas das orações. Creio na sintonia de energia e sou grata
a Deus por cada pessoa que cruzou meu caminho. Uns chegaram, ensinaram, feriram,
findou o ciclo, passaram. Outros vieram para ficar e seguem me acolhendo na partilha que nutre. Obrigada por serem Presença.
Eu pretendia fazer minha viagem solo esse ano, porém, as circunstâncias
atuais não permitem e tudo bem. Essa viagem acontecerá e será, como diz meu
irmão Paulo, sensacional. No tempo oportuno, com a mochila nas costas e com o
vento soprando a alegria da sede aprendiz, eu embarcarei. Tenho uma Mãe ímpar e
irmãos afetuosos. Por meu “Avohai”, o homem mais generoso e sensível que
conheci, meu presente esse ano é estar próxima da minha vozinha, no seu
aniversário de 100 anos. Ao lado da minha mãe, minha filha Elo sagrado e toda
geração de vozinha em nossos corações, nas preces, na gratidão e no centenário parabéns
que irá ecoar do sertão além mar, porque seus frutos navegaram, andaram e
voaram, do solo Sul ao Norte, na travessia de hemisfério. Distantes geograficamente
e próximos naquilo que nos enlaça, na trança de gente que vibra amor.
Chegar aos 50 carnavais é uma bênção. Sou origem e asas. Sou casa afeto. Sou
signo Riso. Janela Emoção. Que venha a nova estação para seguir escrevendo minha
história.
Bora bora caminhar e “vamos sorrir que a vida presta, e MUITO.” Viva meu Sol!
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