Memórias da minha trança de gente, do que palpita em meu livro-coração, da proximidade sagrada que me conecta aos personagens da Estrada que sou
terça-feira, 3 de setembro de 2019
A bodega, o caderno do fiado, o pirulito e as memórias
Minha avó Cotinha tinha uma bodega. Ela teve algumas, em diferentes lugares e casas. Lembro muito da de Trindade, que ficava na esquina. Uma porta lateral a esquerda e a maior de frente. Em uma das paredes tinha a porta que dava pra casa. Em cima do balcão o baleiro era o sonho de consumo das crianças. Pirulito do Zorro. Ah essa iguaria até hoje margeia meus sonhos. Nunca mais encontrei nada parecido depois que vim pra São Paulo. Os guardachuvinhas de chocolate que minhas crianças adoram, e que vende aqui na loja de doces, não chegam nem aos pés daquele pirulito preferido da minha infância.
Meu avô e avó se revezavam na bodega. Lembro dele na calçada, sentado na cadeira de balanço, levantando para atender o freguês já com seu riso solto. O humor do meu avô-padrinho Chico é dessas riquezas que a família carrega no DNA. Minha avó sempre acolhedora, ficava de olho nas prateleiras para ver se a bodega estava abastecida e tinha um caderno do fiado com um controle fenomenal. Sua letra marcando o nome e as contas do povo que comprava pra pagar quando recebia a aposentadoria ou a safra. Sim, ela levava uns calotes e dizia: “fazer o que minha filha, ele não tem como pagar?” As vezes passava tempo e quando a pessoa voltava e acertava a conta minha madrinha-avó ficava numa felicidade danada. Tá vendo, gente honesta é assim. E o freguês saia com a compra renovada e a alma abençoada pelas orações de madrinha.
minha madrinha avó, a Dona Cotinha no seu canto da calçada da sua casa
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