O
café da minha mãe é o melhor do mundo. É doce em muitos sentidos. Antes de sair
para trabalhar, muito cedo, já sentia o cheiro do seu café, muitas vezes, ela cantava
no pé do fogão. Se tem uma coisa que marca minha mãe é sua cantoria. Ela sempre
gostou de cantar. Uma sintonia com sua risada, marca da Dona Fátima.
Morávamos numa casa bem pequena. Ela saia
cedo para trabalhar e deixava pão para assar e bolachas para os 5 filhos. Quando
voltava a tarde do expediente, ela já passava na padaria e trazia o pão
quentinho. Sim, na casa de mãe, tínhamos dois cafés, o da manhã e o da tarde. Ponto
de encontro na mesa da cozinha. Algumas vezes tínhamos companhia. Crescemos
assim, com esse gosto por café e pão. Quando ela dobrava a esquina já sentíamos
o cheiro do pão de sua presença. Que alegria quando mãe chegava com o pão
quentinho, daqueles que quando passamos a manteiga derrete.
Eu continuo molhando o pão no café e as vezes no café com leite. No domingo
quando estou em casa eu faço os dois cafés. Perto da hora do crepúsculo eu sento
na janela, na companhia do meu marido que foi buscar o pão e saboreio o momento
café da memória. Sempre lembro do café da tarde de mãe nessa hora. Meu marido
termina rápido e eu fico sentada sozinha na cozinha, olhando a janela e
sentindo o vento das lembranças vivas que afloram lágrimas e sorrisos. Hoje eu
estive com ela e, claro, tomei seu café, o melhor do universo, um dos sabores
melhores da minha vida. Eu seguirei amando o café, pão e presença generosa de minha sensacional mãe.
Memórias da minha trança de gente, do que palpita em meu livro-coração, da proximidade sagrada que me conecta aos personagens da Estrada que sou
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Lendo o seu artigo, remota ao que fazíamos em casa rotineiramente e que pertencia a nossa rotina intercalada pela ação de meu pai (fiscal da prefeitura) e minha mãe (merendeira).
ResponderExcluirentre o corre corre dos dois para manter a nossa casa, algumas travessuras e, ao final da tarde, já no início da noite, o cheiro do café incendiava a casa e, era a hora da conversa em família e de se tratar das ações d dia seguinte.
Quantas memórias e, no seu relato, vi a fumaça do café xícara a cima e várias lembranças de um tempo em que os carinhos e afagos foram base da felicidade.
bom dia amigo poeta. Obrigada. Tão bom saber que o cheiro do café enlaça nossas memórias.
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